segunda-feira, 17 de outubro de 2011

TEOLOGIA DO SÉCULO XXI: Maria, mãe de todos nós?

TEOLOGIA DO SÉCULO XXI: Maria, mãe de todos nós?
MARIA, MÃE DE TODOS NÓS?1
Diego Rodrigues2
No Evangelho segundo São João, no capítulo 19 e nos versículo 26 e 27:

Ora, Jesus, vendo ali sua mãe e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse à sua mãe: Mulher, eis ai teu filho.
Depois, disse ao discípulo: Eis ai tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. (Jo 19. 26, 27),

encontramos uma passagem que comumente, alguns, usam-na para alegar que Maria, a mãe de Jesus, é a mãe de todos nós, no sentido de criadora (esposa de Deus), porém, a Bíblia em nenhum lugar dar respaldo para tal sandice. Pelo contrário, afirma-nos que somente Deus pode ser adorado, e somente Ele, criou todas as coisas, onde nesta palavra está inclusos, Pai, Filho e Espírito Santo. Sabemos que Jeová É Criador; sabemos que O Espírito Santo está no início “pairando” sobre a face das águas, esse pairar é no sentido de “chocar”, como está no livro da Genesis; o próprio João, no Evangelho que leva o seu nome diz que o logos (palavra) que era Deus, e estava com Deus, todas coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada foi feito, e, Ele se fez carne e habitou em nosso meio (João 1. 1, 3, 14). Maia não é a quarta pessoa da Trindade Santa.
Contudo, devemos analisar em que sentido Jesus disse: “Eis aí tua mãe”. Para isso, devemos saber qual o caráter dos escritos de João. Diante disso: nos versículos 26 e 27 anteriormente mencionado,

“O Senhor disse a Sua mãe: “Eis aí teu filho”, e o discípulo a quem Ele amava: “Eis aí tua mãe.” Essas palavras demonstram uma união de vida, visto que este Evangelho testifica que o Senhor é vida infundida nos Seus crentes. É por essa vida que o Seu discípulo amado podia ser um com Ele e tornar-se filho de Sua mãe, e ela podia tornar-se a mãe de seu discípulo amado.” (LEE, 2008, p. 438)

Assim sendo, vale apena relembrar algumas passagens referentes à mãe de Jesus. Na boda em Caná da Galiléia, o vinho havia acabado – o qual é um representativo de alegria – Maria, a mãe de Jesus fazia-se presente, juntamente com Jesus e os discípulos deles.
 E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.” (João 2. 3, 4). Jesus, nesta hora foi um tanto ríspido, tônico, com sua mãe – sem a destratar é claro – pois, parecia que ela esperava algo dEle, mas, só Jesus sabia a hora certa.
Em outra passagem encontramos a mãe de Jesus e seus irmãos, os quais encontravam-se do lado de fora, mas não podiam chegar até Jesus, por conta da multidão que o cercava. Jesus recebe um recado de que sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora e queriam falar com Ele. A essa pessoa que lhe trouxera o recado Jesus indaga: “Quem é minha mãe? E quem são Meus irmãos?” e, em seguida, apontando para o seus discípulos, Ele mesmo responde: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.” (Mt 12. 46- 50), mais uma vez, Jesus parece fazer pouco caso, uma vez que, estar com aqueles que fazem a vontade Pai era mais importante do que os laços consanguíneos.
A terceira passagem, que citarei, é devido a uma crença de origem pagã que muitos utilizam para pedir a Maria – hoje – que interceda por eles (WOODROW, s/d).   Onde eles afirmam que Jesus, olhando para os seios de Sua mãe, lembrar-se-ia de sua amamentação, concedendo, portanto, a petição que fora dirigida à sua mãe.  Em certa ocasião Jesus ensinava à multidão, e maravilhados com seus ensinamentos, “uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” (Lc 11. 27- 28), assim sendo, se Maria foi bem-aventurada – e ela foi entre as mulheres – antes são também todos aqueles e aquelas que ouvem e guardam a palavra de Deus.
Maria foi uma mulher meritória. Deus viu-a como uma serva fiel e por isso foi digna de conceber do Espírito de Deus, mas, isso não dá o direito de dizer que Ela sempre existiu, e, ou, que de ser adorada, pois isso é idolatria, e Deus condena, toda e, qualquer tipo de adoração que não seja para Ele, desde a Lei no Antigo Testamento até os dias atuais. E também não encontramos na Bíblia sagrada qualquer forma de comunica com os mortos, pois isso seria espiritismo, o qual não é de Deus (Is 8. 19, 20). Mas, muitos dos que evoca a graça de Maria, respaldam-se no Credo Dos apóstolos, onde nos diz creio na comunicação dos Santos, mas essa comunicação é entre os santos vivos e não mortos. Quando precisamos de oração, unimo-nos com outro santo (os) para comunicarmos com Deus – apenas em vida – não podemos comunicarmo-nos com mortos, pelo que consta na Bíblia Jesus ressuscitou ao terceiro dia, mas nada há a respeito de ressureição de Maria.
Por tudo isso, torna-se patente que o sentido ao qual Maria foi chamada de mãe do discípulo amado e este de filho dela por Jesus é devido à união orgânica que todos nós temos em Cristo Jesus nosso Senhor, uns com os outros, somos todos pertencentes ao Corpo de Cristo, nós, os que o confessamos e cremos nEle, como nos afirma o apóstolo Paulo: “assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.” (Rm 12. 5).




1Comentário desenvolvido para o site: www.teologiadoseculoxxi.blogspot.com
2Diego Rodrigues é graduando do VIII semestre do Bacharel em Teologia da UniCristã-Faculdade Cristã da Bahia.




REFERÊNCIAS

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de Estudos Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil: Barueri, 2000.

LEE, Witness. Novo Testamento: Versão Restauração. Living Stream Ministry: Anaheim, 2008.

WOODROW, Ralph. Babilônia, mistério religioso: Antiguo y moderno. Evangelistc Association: Riverside, s/d.